domingo, 31 de março de 2013

Mr. Bunny e eu – um caso de amor


Sempre quis ter um rabbit. Desde que vi o sex toy ser tratado como milagroso e até apaixonante no seriado Sex and the City, fiquei em cócegas, de tanta curiosidade.

Na primeira oportunidade que tive de ir a uma sex shop, pedi para ver, tocar, entender. O vibrador combina penetração e estimulação do clitóris – tudo ao mesmo tempo. E você pode controlar a velocidade e a intensidade de ambos. Não à toa, é o favorito entre as mulheres. Fiquei fascinada.
Por isso mesmo não é barato. Não pude adquirir de imediato. Restou imaginar o quanto aquele brinquedo seria capaz de me divertir. E projetar mentalmente qual seria o efeito da ação dele em meu corpo. No dia em que a marca PicoBong me ofereceu de testar algum dos novos produtos deles, não pensei duas vezes. Queria o seu modelo de vibrador rabbit. A mera perspectiva de finalmente o poder experimentar, me deixou excitada.
Quando recebi a caixinha rosa pink, nem acreditei. Além de ser da minha cor predileta, tem a forma uma escultura pós-moderna – de tão estiloso que é o seu design. Todo revestido em uma deliciosa textura em soft touch. Parece feito para mim.
Nesse mesmo dia, enquanto converso via Skype com um casinho que mora em outro estado, resolvo pedir uma força naquela tarefa.
- Olha, ganhei um brinquedo novo, quer me ajudar a testar? – meus olhos brilham, ao abrir a caixa diante da câmera.
- O que é isso?
- É um rabbit – respondo, em um sussurro.
Aos poucos, vou descendo com ele rente ao meu corpo, até colocá-lo entre as minhas pernas. Encaixo cada extremidade nos meus pontos de maior prazer, programo a velocidade e pronto. É ultra silencioso. Não preciso de mais nada além de me insinuar, me arranhar, me morder. E gemer. Surpreendente.
No início, escapole algumas vezes. Mas então meus músculos se tensionam e o agarram de jeito. Ele fica lá dentro, bem preso. Parece saber exatamente o que fazer com meu corpo. O orgasmo que vem a seguir é sensacional.
Apelidei-o de Mr. Bunny. Corro para ele sempre que estou sozinha e sinto meu corpo esquentar. Nunca falha. Estamos vivendo um lindo caso de amor.
Alguns amigos me pediram indicação do que dar às namoradas. Super recomendo esse modelo lindo da PicoBong. É novidade no Brasil e está chegando ao preço sugerido de R$ 356,00. Garanto que vale o investimento. Será um companheiro fiel com quem a gata vai poder se divertir na sua ausência. E ela ainda vai se lembrar de você.
Ah, você acha arriscado ver sua garota enroscada em um produto que lhe dá prazer? Seja mais autoconfiante, rapaz. Homens de verdade não se intimidam com a concorrência de brinquedos vibratórios. É claro que a dramatização do seriado Sex and the City é apenas um piada. Pode servir de alerta para caras preguiçosos. Mesmo assim, um toy não é capaz de ameaçar um marmanjo. Vibrador nenhum substitui braços fortes de pegada bruta, hálito quente, a sensação da barba roçando na pele.
De qualquer forma, é uma deliciosa distração para momentos sozinha. Mr. Bunny é aquele parceiro para os momentos de maior necessidade.

*Dica: Para seu vibrador durar mais, lave-o logo após o uso e guarde sem as pilhas dentro dele. Mantenha longe do alcance das crianças.

sábado, 30 de março de 2013

Não se ofenda com a minha nudez


Desde pequena, vejo seios e bundas à mostra em todos os lugares por onde passo. A cada esquina, tem uma banca de jornal com seus cartazes nada modestos. Nos filmes, nas novelas. Nem preciso falar do carnaval. Se alguém ligou a tevê semana passada, deve ter visto alguma mulata sambando totalmente nua.
Nem sempre os closes no rego das dançarinas de programas de auditório me parecem belos. E confesso torcer o nariz para muitas das fotos de genitálias ampliadas que vejo diariamente no Twitter. Mesmo assim, ainda me encanto com o desenho de um seio em riste, de um bumbum bem desenhado. A harmonia das formas naturais do ser humano atrai. A nudez é uma forma artística. Corpos despidos são talvez a maior fonte de inspiração dos artistas plásticos, desde os primórdios da história da arte.
Não falta também quem rejeite o corpo à mostra. Quem aponte como se fosse prova de falta de virtude. Dá para entender. Um discurso religioso pregado durante séculos. Na Idade Média, a nudez foi tão castigada, que puro era quem sequer tomava banho. Até tocar o próprio corpo era recriminado – mesmo que apenas por higiene. Acontece que já passou da hora de parar de enxergar o corpo humano como algo demoníaco. E deixar de lado esse preconceito de que exibir suas formas publicamente é privilégio de mulher burra. A beleza ofusca demais atributos. Mas se olharmos atentamente, podemos ver intelectos invejáveis em muitas das beldades que já vimos em ensaios sensuais.
E mesmo assim, diante de tanta informação explícita espalhada pelo mundo, recebo frequentemente mensagens de quem parece se incomodar por eu mostrar meu corpo. A crítica que mais leio é que publico fotos nuas para aparecer, chamar atenção. De fato, atrai olhares – para o bem e para o mal.
Confesso. Já usei meu corpo como meio de divulgação do meu trabalho na internet. Sem que vissem o que eu faço, nada disso aqui faria muito sentido. Talvez muito do conteúdo que produzi sequer existisse. Como o texto que você lê agora. Também já postei fotos de que não gostava tanto. E depois me arrependi. Estou empenhada nesse aprendizado. De como mostrar o que tenho de belo para as lentes da câmera. E provocar o espectador.
Ao exibir meu corpo, estou sempre em busca de resultados estéticos – dentro das condições ali viáveis. Minhas formas não são grandiosas, nem excepcionais. Tenho um monte de defeitos físicos. Aprendi a superá-los com o tempo. De tão traumatizada que eu era com meu corpo, de tanto bullying que sofri na adolescência, cheguei a achar que nenhum homem iria me querer. Que nunca ia ter um namorado legal. Balela.
Continuo do meu jeito. Nem tão sexy, nem tão gostosa. Mesmo assim, gosto do que sou. Ao agir com naturalidade, sem esconder a realidade do meu corpo, quero de alguma maneira mostrar às outras garotas que não é preciso ter peitão-bundão-coxão para ser atraente. Que pessoas fora do padrão midiático, sem muita produção ou tantos retoques de photoshop podem também se sentir bem diante das câmeras.
Inicialmente, com medo de parecer conteúdo pornográfico, optei por cobrir os seios, usar ao menos uma calcinha sempre que tirava fotos. Com o tempo, passei a questionar esses limites do que é o nu artístico. O que diferencia erotismo e pornografia? Se há ou não pelos pubianos à mostra? Garanto que nenhuma equação leva a essa solução exata. Conteúdos explícitos podem também ser muito eróticos. Ou não.
E muito obrigada. Elogios costumam servir de incentivo. Porém não suprem qualquer carência ou vontade de aparecer. A verdadeira satisfação – e talvez o maior desafio – é em me sentir atraída pela minha própria imagem. Desejar a mim mesma, quase como uma viagem narcisística. Mesmo com toda a minha autocrítica.
Continuarei eternamente incompreendida em meu erotismo. Mas quero ainda explorar muito as potencialidades do meu corpo. Da minha imagem.
Não se ofenda. Essa sou apenas eu.